Em março, o presidente dos EUA, Donald Trump, surpreendeu a cadeia siderúrgica mundial ao anunciar que o País do Tio Sam taxaria todas as importações de aço em 25% e alumínio em 10%. Uma tentativa de proteger empresas nacionais que conta com apoio dos profissionais e grupos sindicais que se abrigam sob essa égide.

Mesmo com apoio destes setores protegidos, a ideia do imposto pegou mal na Casa Branca. Forças no Congresso se colocaram contra essa ideia que, ao contrário do que alguns podem imaginar, pouco afetaria seus rivais principais concorrentes econômicos China e Rússia. Pelo contrário, prejudicaria “países amigos” do livre mercado americano, entre eles o Brasil. Além disso, falando aqui do mercado de forjaria, encareceria o produto final que chega aos consumidores.

Automaticamente a notícia desceu morro abaixo como uma avalanche e fez alguns estragos nas bolsas de valores no mesmo dia, com representantes brasileiros em Washington tentando reverter a situação e buscando respostas para as várias perguntas que surgiram em meio à pressão. Com o baixar da poeira, algumas mudanças vieram ao discurso dos EUA. O representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer chegou a declarar que o Brasil ficaria de fora da lista negra dos Países que seriam taxados. Como talvez este assunto ainda dê pano para a manga, não seria hora de olharmos com carinho para outros mercados, inclusive o interno?

Estamos em ano eleitoral e, ainda, tirando a cabeça da crise que nos assolou, respirando com dificuldades. As grandes siderúrgicas e as outras áreas industriais que formam uma grande cadeia produtiva, junto de suas associações, são de grande importância econômica e política para o desenvolvimento, ainda em tempo, de um forte mercado interno para consumir uma parte da demanda de aço e alumínio produzida. Uma política de desenvolvimento responsável e planejada, quem sabe abrindo outros mercados na Ásia, Europa e até em nossos vizinhos latino-americanos.

Em 1979, o grupo cômico britânico Monty Phyton lançou o clássico filme “A Vida de Brian”, no qual o protagonista, Brian, - uma espécie de Jesus - após ser condenado por Pôncio Pilatos, lança junto dos outros crucificados um número musical chamado “Always Look on The Bright Side of Life”, na tradução literal “Sempre olhe para o lado bom da vida”. A música é cantada por todos os que estão em uma situação de dificuldade no filme e o refrão (o nome da música) se tornou icônico. Particularmente, gostaria de ser otimista e seguir a filosofia de Brian de olhar para o lado bom.

Essa questão do aço tem um efeito em nosso mercado de forjamento. Se não diretamente, talvez indireta. E a criação de associações fortes dialogando com as forças governamentais seria extremamente benéfica para toda uma cadeia industrial. Quem sabe.

Falando da edição, temos três artigos imperdíveis. A segunda parte de um trabalho nacional que vem de Minas Gerais, onde é abordada a eficiência econômica ao utilizar o auxílio da simulação em processos de forjamento. Outro nacional, desta vez dos pampas gaúchos, trata de fadigas termomecânicas em matrizes. Tradicionalmente, também temos um artigo internacional, que vem do pacífico Canadá, com um tema interessantíssimo e que vem sendo pauta em diversas mesas de P&D, pois trata de materiais leves e também resistentes: forjados de magnésio.

Chamo a atenção para o VI Seminário de Tecnologia do Forjamento, que será realizado em dezembro, na FEI, e já está tendo uma boa procura. Temos mais detalhes na página 12, mas posso adiantar que já estão sendo preparadas cerca de 20 palestras com grande procura dos profissionais, o que mostra que a nossa indústria está buscando conhecimento, contato, enfim, procurando alternativas e soluções. Quem sabe, diante das dificuldades outros setores também se unam e encontrem boas soluções. Buscamos sempre ser realistas e compreender o mercado e suas esferas, mas também devemos buscar sempre olhar pelo lado bom. Boa leitura!