Forjamento é um processo de conformação mecânica que permite a alteração da geometria de um material metálico por meio de deformação plástica, alterando sua estrutura metalúrgica de forma que sejam modifi­cadas suas propriedades mecânicas com aplicação de tensões com­pressivas, mantendo constantes sua massa e volume. Esse processo se caracteriza por agregar boas propriedades mecânicas na peça, como resistência mecânica, ótima utilização do material, tempo de produ­ção pequeno e alta produtividade (SCHAEFFER, 2006).

O forjamento pode ser denominado como forjamento em ma­triz fechada ou forjamento em matriz aberta, dependendo da forma como o material é conformado. Tratando-se de componentes com geometria de revolução e com o propósito de provocar o seu alon­gamento, o forjamento em matriz aberta (Fig. 1) é mais apropriado. Nesse caso, o forjamento em matriz aberta induz o alongamento do componente, fazendo o material escoar na direção longitudinal, e a redução da seção transversal, decorrente de compressões subsequen­tes (KCHAOU, 2010; CLEARY, 2012).

As teorias baseadas na plasticidade foram desenvolvidas em fun­ção do carregamento e do escoamento do material, os quais são de­pendentes da tensão de escoamento, da deformação equivalente, den­tre outras variáveis como as propriedades mecânicas e metalúrgicas. Existem casos onde não são necessários programas computacionais por simulação numérica para a determinação dos valores de força de forjamento, possibilitando a aplicação de modelos matemáticos base­ados na teoria da plasticidade (EDELMAN; DRUCKER, 1951).

Diversos pesquisadores têm usado diferentes métodos de análise como métodos analíticos para estimar a carga de forjamento reque­rida para uma determinada operação. Os resultados dos métodos experimentais têm o propósito de validar esses métodos. Com isso, os métodos matemáticos têm por objetivo reduzir o custo dos experimentos (FERESHTEH-SANIEE; JAAFARI, 2002).

As noções básicas da Teoria Elementar da Plasticidade (TEP) surgiram no ano de 1925, com os trabalhos de Siebel (1923) e Kar­man (1925) para solucionar problemas de laminação. Nos anos seguintes, Sachs (1927) usou a teoria para os processos de trefilação e extrusão, enquanto que Siebel (1927) e Pomp (1927) usaram para o forjamento (MARTINS, 2005).

De uma forma simplificada, é possível calcular a força de for­jamento utilizando os parâmetros integrais ou os parâmetros lo­calizados. A utilização dos parâmetros integrais permite calcular a deformação média (φm), velocidade de deformação média (φm) e a tensão de escoamento média (kfm), possibilitando encontrar, de for­ma aproximada, a força de forjamento (F). À medida que mais in­formações são necessárias, como as deformações (φ) e as tensões nas ferramentas (σ) ou a distribuição de temperatura (ϑ) nas principais regiões da peça deformada, deve-se usar a TEP (SCHAEFFER, 2007).

A TEP pode ser empregada para três métodos conhecidos como o método das tiras, o método dos tubos e o método dos discos. Considerando que o método das tiras é o mais adequado para o forjamento em matriz aberta quando as ferramentas apresentam geometrias planas. Neste trabalho, o método selecionado para o desenvolvimento do procedimento matemático foi o método das tiras, destacando-se os elementos infinitesimais (tiras) em uma peça forjada como mostrado na Fig. 2.

 

 A partir da análise do equilíbrio de forças numa zona de qual­quer geometria, chega-se a uma equação diferencial ordinária de 1ª ordem para as geometrias planas, empregando o Método das Tiras:

 

(01)

 

 

Na equação diferencial ordinária a variável “α” representa o ân­gulo de cada tira (Fig. 3) e “ρ” representa o valor de arctg(μ), sendo que “μ” é o valor do coeficiente de atrito.

Antes de resolver a equação diferencial, é necessário o conheci­mento da temperatura da peça de trabalho (ϑ), a determinação das deformações em cada tira (φi), através da equação 2, e das velocida­des de deformação em cada tira (φi), através da equação 3:

 

(2)

 

(3)

Com essas variáveis, pode-se encontrar o valor da tensão de es­coamento (kfi), através da equação 4 e, com isso, calcular as tensões localizadas do corpo forjado:

 

(4)

 

 

 A equação diferencial para o método das tiras (equação 1) pode ser simplificada em duas equações e resolvida de forma separada, como mostra as equações 5 e 6:

 

(5)

 

(6)

A resolução das equações 5 e 6 para cada tira permite resolver a equação diferencial pelo método das tiras, calculando a variação da tensão na direção x (equação 7) de um elemento em relação ao subsequente:

 

(7)

Para encontrar a largura das tiras (equação 8), basta subtrair o valor de um tira com sua subsequente:

 

(8)

Determinando as variações das tensões na direção x (Δσxi) de uma tira com sua subsequente, obtém-se a tensão na direção x (σxi) naquela determinada tira, segundo a equação 9:

 

(9)

Com aplicação da Teoria de Escoamento de Tresca, a partir da tensão na direção em x (σxi) e da tensão de escoamento (kfi) de uma determinada tira é possível calcular a tensão na direção z (σzi) dessa tira (equação 10):

 

(10)

Com a tensão na direção z (σzi), obtida em uma determinada tira, é calculada a tensão média na direção z (equação 11) da tira anterior com a sua subsequente:

 

(11)

Por fim, com as tensões médias localizadas na direção z e com a área superficial de contato (equação 12) da tira é possível calcular a força em cada tira (equação 13). Para cada tira, pode-se calcular a área de contato dado por:

 

(12)

Onde li é o comprimento (profundidade) de cada tira. A força Fzi em cada tira é calculada por:

 

(13)

A Fig. 4 mostra as direções das tensões, a direção da aplicação das forças e as áreas das superfícies de contato para uma determina­da tira. Continua na próxima edição.